O calor e a humidade mandam me uma estalada de mão aberta após os dois primeiros degraus. O ar está pesado e pouco respirável. Desconfio que fomos os únicos a nos levantar mais cedo para tomar banho e viajar "fresquinhos".
O fedor que já paira no ar apresenta-me todos os já presentes no autocarro. Misturam se odores de comida, fruta, mofo, pés e fritos que se tornam laminas a cada inspiração.
Sinto vapor a entrar pela boca seca do frio, passar por cima da língua que ate há pouco ainda sabia ao café da manha, seguir caminho pela garganta e invadir-me lentamente o peito.
Não tarda os meus pulmões estarão tão embaciados quanto estas janelas, não tarda o meu bafo estará tão fedorento quanto o deles...
Estou a nadar num banho de gordura e só de respira-la sinto me enjoado. O meu estômago marca presença e começa a dar das suas.
Fecho a boca.
Hoje não me vais dar problemas, senão será pior para os dois...
Fecho os olhos, lembro me que só as primeiras inspirações é que custam.
Concentro-me. Dou uma ultima profunda aspiradela que me anestesia os sentidos e sigo a procura de lugar.
Saturday, February 24, 2007
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
No comments:
Post a Comment