Casino Royal @ Shanghai Shangrí-la
Tuesday, May 29, 2007
Monday, May 14, 2007
Trick or Treat.
Lembro-me como se fosse ontem.
A minha primeira nota.
Lembro-me que a grande excitacao da nota estava, nao so seu valor em termos numericos, pois com 6 anos ninguem tem nocao do valor do dinhreiro, mas sim o seu "peso em gomas", chupas, pastilhas elasticas ou mesmo cromos.
A excitacao de saber que no bolso das calcas nao esta uma nota mas sim um poco de oportunidades, um "pot of gold", um caixao de guloseimas. Verdes, encarnadas, azuis; azedas, doces e salgadas; uma de cada vez, aos pares ou aos molhes; todas vao ca parar a boca.
Chega finalmente a hora. O estomago, poupado ao almoco para este festim de glucose a hora do lanche, torce se na ansia de ser finalmente satisfeito.
Ja passa muito da hora em que deixei de prestar atencao ao que dizia a professora. Conta se os segundos, minutos e as poucas horas que faltam para chegar as 16h.
Ja sinto o peso da estupidez de gomas a puxar-me as calcas para baixo. Toca a campainha do recreio. Acabaram se as aulas. Ficam os livros que eram preciso ler, as fichas que seriam supostamente preenchidas. Hoje a noite nao ha trabalhos de casa apenas acucar e dores de barriga. (obviamente nao estava a espera deste segundo item no programa). Saio disparado, olhar fixo com uma imagem na cabeca: a papelaria da esquina, ja estou a chegar.
Na fila da caixa estava um rapaz a minha frente. Os cabelos despenteados, as ligeiras marcas de poeira nas bochechas, as unhas pretas e as marcas de terra estendidas dos seus tenis ate aos joelhos pelas calcas acima relatavam a historia de uma tarde passada a correr provavelmente atras de outros miudos da idade dele ou de uma bola de futebol. Hoje foi um dia mais serio e nem tive tempo de pensar em ir jogar a bola. Ele faz barulho quando respira, especialmente quando inspira. Deve estar consipado pensei eu. Usa a camisola para, de um movimento digno dos mais antigos filmes de cowboy, limpar a boca, a cara e os olhos. Tambem nunca fui fa de lencos de papel. Parece irrequieto. Junto ao corpo, um conjunto de pacotes de uma qualquer guloseima que segura como um recem nascido. A mao direita esgana uma nota que desaparece, enrugada, debaixo de tanta vontade de nao larga-la. Chega a sua vez e colando a barriga ao balcao, poe-se em bicos dos pes e solta delicadamente o segredo que guardava no leito do seu braco. A sua cara ilumina-se ao ver espalhado o tesouro que brevemente sera seu. Manda uma inspiracao. Se esta constipado! Manda mais uma "mangada" que lhe limpa tudo da cara excepto o sorriso. Esse ja niguem lhe tira. Solta a nota como quem entrega um refem, agarra no troco e comeca a carregar os bolsos com a receita do dia. Sai a correr, consegue evitar o casal que passava a frente da porta e a bicileta que vinha atras e desaparece no meio da multidao.
Sera que este foi o seu momento "a minha primeira nota"?
Continuo estupefaco a analisar o que acabei de ver. Nao eram bolachas, nao eram bolos ou queques; nao eram gomas, chupas, caramelos ouo rebucados; nao eram chocolates e sinceramente nem vos consigo dizer se doce ao salgado.
Ele encheu os bolsos de patas de galinha, fugiu com um sorriso de quebrar fronteiras.
Se achava que ja tinha visto tudo o que era diferente, estava enganado.
Agora de fato, acabado de sair do escritorio, na fila do supermercado a comprar uma qq coisa que falte la em casa, quase 20 anos meis tarde. Leite, pao, agua ou papel higienico subsituem os doces e outros concentrados energeticos que transformam qualquer crianca numa dor de cabeca para qualquer pai. Muitas coisas mudaram...
PS: Aproveito para agradecer os meus flatmates de me darem tantas oportunidades de me passear com embalagens familiares de papel higienico pelas ruas de Shanghai. Alias, sempre que tenho essa oportunidade dou de caras com um estrangeiro novo no predio. "Hi, I'm Luis and I am, as you can see, full of shit!"
A minha primeira nota.
Lembro-me que a grande excitacao da nota estava, nao so seu valor em termos numericos, pois com 6 anos ninguem tem nocao do valor do dinhreiro, mas sim o seu "peso em gomas", chupas, pastilhas elasticas ou mesmo cromos.
A excitacao de saber que no bolso das calcas nao esta uma nota mas sim um poco de oportunidades, um "pot of gold", um caixao de guloseimas. Verdes, encarnadas, azuis; azedas, doces e salgadas; uma de cada vez, aos pares ou aos molhes; todas vao ca parar a boca.
Chega finalmente a hora. O estomago, poupado ao almoco para este festim de glucose a hora do lanche, torce se na ansia de ser finalmente satisfeito.
Ja passa muito da hora em que deixei de prestar atencao ao que dizia a professora. Conta se os segundos, minutos e as poucas horas que faltam para chegar as 16h.
Ja sinto o peso da estupidez de gomas a puxar-me as calcas para baixo. Toca a campainha do recreio. Acabaram se as aulas. Ficam os livros que eram preciso ler, as fichas que seriam supostamente preenchidas. Hoje a noite nao ha trabalhos de casa apenas acucar e dores de barriga. (obviamente nao estava a espera deste segundo item no programa). Saio disparado, olhar fixo com uma imagem na cabeca: a papelaria da esquina, ja estou a chegar.
Na fila da caixa estava um rapaz a minha frente. Os cabelos despenteados, as ligeiras marcas de poeira nas bochechas, as unhas pretas e as marcas de terra estendidas dos seus tenis ate aos joelhos pelas calcas acima relatavam a historia de uma tarde passada a correr provavelmente atras de outros miudos da idade dele ou de uma bola de futebol. Hoje foi um dia mais serio e nem tive tempo de pensar em ir jogar a bola. Ele faz barulho quando respira, especialmente quando inspira. Deve estar consipado pensei eu. Usa a camisola para, de um movimento digno dos mais antigos filmes de cowboy, limpar a boca, a cara e os olhos. Tambem nunca fui fa de lencos de papel. Parece irrequieto. Junto ao corpo, um conjunto de pacotes de uma qualquer guloseima que segura como um recem nascido. A mao direita esgana uma nota que desaparece, enrugada, debaixo de tanta vontade de nao larga-la. Chega a sua vez e colando a barriga ao balcao, poe-se em bicos dos pes e solta delicadamente o segredo que guardava no leito do seu braco. A sua cara ilumina-se ao ver espalhado o tesouro que brevemente sera seu. Manda uma inspiracao. Se esta constipado! Manda mais uma "mangada" que lhe limpa tudo da cara excepto o sorriso. Esse ja niguem lhe tira. Solta a nota como quem entrega um refem, agarra no troco e comeca a carregar os bolsos com a receita do dia. Sai a correr, consegue evitar o casal que passava a frente da porta e a bicileta que vinha atras e desaparece no meio da multidao.
Sera que este foi o seu momento "a minha primeira nota"?
Continuo estupefaco a analisar o que acabei de ver. Nao eram bolachas, nao eram bolos ou queques; nao eram gomas, chupas, caramelos ouo rebucados; nao eram chocolates e sinceramente nem vos consigo dizer se doce ao salgado.
Ele encheu os bolsos de patas de galinha, fugiu com um sorriso de quebrar fronteiras.
Se achava que ja tinha visto tudo o que era diferente, estava enganado.
Agora de fato, acabado de sair do escritorio, na fila do supermercado a comprar uma qq coisa que falte la em casa, quase 20 anos meis tarde. Leite, pao, agua ou papel higienico subsituem os doces e outros concentrados energeticos que transformam qualquer crianca numa dor de cabeca para qualquer pai. Muitas coisas mudaram...
PS: Aproveito para agradecer os meus flatmates de me darem tantas oportunidades de me passear com embalagens familiares de papel higienico pelas ruas de Shanghai. Alias, sempre que tenho essa oportunidade dou de caras com um estrangeiro novo no predio. "Hi, I'm Luis and I am, as you can see, full of shit!"
Wednesday, May 09, 2007
Despedida Themida
A despedida do Sr. Calheiros de terras Shanghaienses: Por de Sol no "Bund", na ja segunda casa do Andre Miguel, com direito ao gin tonico que assenta ao fim do dia como luva na mao esquerda do Tiger Woods. (o chamado assenta com requinte, lol). Seguimos para o Zapata's (nome que significa pouco para quem nao passou por Shanghai, inesquecivel para quem la esteve) onde combinam Ladies night,"The beer hour" e ainda "Free Tequila minutes" com classicos musicais tais que I will survive, YMCA, Billie Jean e Summer of 69 para noites epicas (tambem podeira ter utilizado aqui os termos "surreal" ou "impecaveis" em honra ao nosso companheiro de Seoul). Mais uma vez mostraste toda a raca tuga em solo de Mao Tze.
Duas grandes semanas sim Sra.
Agora vai la trabalhar e para de ler este blog no escritorio!!
Duas grandes semanas sim Sra.
Agora vai la trabalhar e para de ler este blog no escritorio!!
Tuesday, May 08, 2007
Novas Realidades
Faz agora mais de tres meses que chegamos a China.
Quando espreito os blogs dos meus caros companheiros aqui na China e pelo mundo fora vejo que muitos comecam com uma primeira avaliacao da nossa vida aqui.
Nao sei bem por onde comecar.
Quando conheci o Pedro Lopes (C9) ainda em Lisboa, ele disse me: "Eu vou voltar agora para Shanghai mas nao vai ser a mesma coisa. Tomara eu poder voltar e ver tudo pela primeira vez, ver com olhos curiosos, esfomeados e analisadores. Voces vao ficar malucos com aquilo."
Abanei a cabeca em sinal de concordancia mas no fundo nao tinha nocao do que ele estava a falar. Claro que a primeira vez tem mais mistica do que as restantes, pensei eu, e seja o que for que me esperar por la, vou adorar com certeza."
Segunda feira Chegou a Catarina (Miss K para os entendidos) que apesar de um dia inteiro de viagem aguentou o "dia da praxe". Nunca se dorme no primeiro dia para tentar acertar as horas a primeira.
Ontem fomos a despedida do Metin, o nosso amigo turco que conhecemos na viagem a Sichuan, num restaurante Turco na mitica Huaihai Lu. No caminho senti ao meu lado a unica coisa que parecia mexer dentro do taxi. Era a Catarina, imparavel. Direita esquerda, esquerda direita. Perguntava, apontava, ria-se e comentava.
Os olhos da Catarina transbordavam de fome de conhecimento, perguntas e duvidas, e por uns momentos invejei-a. Por uns momentos invejei-a como se tivesse sido ela a roubar-me dessa ingenua curiosidade, pois foi neste momento que realizei que ja nao a tinha.
"Huaihai Lu Kaojin Shenme Lu?" Gritou o "Shifu" (taxista)
Acordei e percebi que se nao tivesse "crescido", nem ao restaurante conseguiriamos chegar. Ainda meio perdido nos pensamentos do que tinha acabado de perder respondi:
"Women yao qu HuaiHai Lu Liu bai Hao, Shifu. Wo bu zhi dao kaojing shenme Lu"
Nada se Cria e nada se perde, mas tudo se transforma... Ja me transformei.
Agora sim, entendo finalmente o que o Pedro me disse.
Foram precisos tres meses para perder os meus olhos "discovery channel/people and Arts" e para conseguir chegar a um restaurante a primeira.
O estagio em Shanghai sao 2 dias e o primeiro ja passou.
Vamos la ver o que o segundo dia me reserva...
;)
Quando espreito os blogs dos meus caros companheiros aqui na China e pelo mundo fora vejo que muitos comecam com uma primeira avaliacao da nossa vida aqui.
Nao sei bem por onde comecar.
Quando conheci o Pedro Lopes (C9) ainda em Lisboa, ele disse me: "Eu vou voltar agora para Shanghai mas nao vai ser a mesma coisa. Tomara eu poder voltar e ver tudo pela primeira vez, ver com olhos curiosos, esfomeados e analisadores. Voces vao ficar malucos com aquilo."
Abanei a cabeca em sinal de concordancia mas no fundo nao tinha nocao do que ele estava a falar. Claro que a primeira vez tem mais mistica do que as restantes, pensei eu, e seja o que for que me esperar por la, vou adorar com certeza."
Segunda feira Chegou a Catarina (Miss K para os entendidos) que apesar de um dia inteiro de viagem aguentou o "dia da praxe". Nunca se dorme no primeiro dia para tentar acertar as horas a primeira.
Ontem fomos a despedida do Metin, o nosso amigo turco que conhecemos na viagem a Sichuan, num restaurante Turco na mitica Huaihai Lu. No caminho senti ao meu lado a unica coisa que parecia mexer dentro do taxi. Era a Catarina, imparavel. Direita esquerda, esquerda direita. Perguntava, apontava, ria-se e comentava.
Os olhos da Catarina transbordavam de fome de conhecimento, perguntas e duvidas, e por uns momentos invejei-a. Por uns momentos invejei-a como se tivesse sido ela a roubar-me dessa ingenua curiosidade, pois foi neste momento que realizei que ja nao a tinha.
"Huaihai Lu Kaojin Shenme Lu?" Gritou o "Shifu" (taxista)
Acordei e percebi que se nao tivesse "crescido", nem ao restaurante conseguiriamos chegar. Ainda meio perdido nos pensamentos do que tinha acabado de perder respondi:
"Women yao qu HuaiHai Lu Liu bai Hao, Shifu. Wo bu zhi dao kaojing shenme Lu"
Nada se Cria e nada se perde, mas tudo se transforma... Ja me transformei.
Agora sim, entendo finalmente o que o Pedro me disse.
Foram precisos tres meses para perder os meus olhos "discovery channel/people and Arts" e para conseguir chegar a um restaurante a primeira.
O estagio em Shanghai sao 2 dias e o primeiro ja passou.
Vamos la ver o que o segundo dia me reserva...
;)
Monday, May 07, 2007
(In)Discreet
Uma coisa é sabida de todos: a China tem muita gente.
Mais que as mães, nunca mais acabam, resmas de chineses, escolham a expressão que quiserem. Será esta a principal característica dos chineses. São mais do que qualquer outra população no mundo e temos de lhes tirar o chapéu, nem que seja a nível reprodutivo.
A segunda característica dos chineses que gostaria de realçar é a sua natureza observativa; Os chineses estão sempre a olhar e a observar tudo o que se passa a sua volta, especialmente o que as outras pessoas fazem. Seja de perto seja de longe um chinês esta sempre atento. Os chineses são muito curiosos e observadores.
O espaço individual e respeitado ate ao contacto. Isto e: um chinês não tem tendência para o contacto físico, alias costuma evita-lo ao máximo, mas olhar por cima do ombro para ler o jornal e estar a observar o que alguém esta a comer a menos de um metro (género sketch dos gatos sobre a distancia socialmente aceitável). Numero 3.
A Isto juntam uma característica da China, em que a maior parte das coisas se passam em lugares fechados e pequenos. Não só existe sobrepopulação teórica como tambem existe sobrepopulação no dia a dia: campos de basket, (sempre duas equipas para cada cesto) fila para os autocarros, elevadores, restaurantes etc.
Isto parece não levar a lado nenhum mas irão perceber onde quero chegar....
ultimo pormenor, os chineses fumam em qualquer lugar, em qualquer posição.
Juntam estas 4 características e verão que muitas coisas podem acontecer...
Here goes..
Estava eu em HangZhou prestes a apanhar o autocarro de volta para Xangai quando começa a apertar o arroz Chao-chao que afinal não tinha assim tão bom aspecto...
Já saímos do restaurante e já estamos mesmo a chegar a estacao. Faltam 15 minutos para o autocarro. A casa de banho publica será única opção para evitar transformar o pesadelo da viagem que se avizinha dura num inferno incalculável de dores e de desconforto.
la fui eu a aventura...
Num ambiente escuro e de ar pesado tanto de humidade e de fumo, os chineses entram e saiem ao ritmo de formigas trabalhadoras que acabaram de encontrar uma bolacha inteira junto a colónia e que estão tao ocupados a despedaça-la que o se passa por fora não merece nem um levantar de cabeça. Tanto vai e vem, confundem me e tornam nos todos iguais apesar de tentar que não sejam. Apanho uma abertura na coluna "entrante" e la me enfio sempre com o factor tempo presente na mente.
O chão esta preto e coberto com uma camada liquida espessa que um pobre coitado tenta empurrar para o ralo com muito pouco sucesso devido ao constante movimento das pessoas. A rotatividade nos urinóis e digna de um filme de Charlie Chaplin. Num movimento repetitivo ao expoente máximo eles sucedem se silenciosamente com uma precisão quase cronometrada, entrando e saindo de cabeça baixa. De cigarro na boca ou prestes a ser aceso. Passa qualquer coisa que possam ter experimentado num qualquer fim de noite de quinta feira de lux na pista de baixo. E infelizmente, o meu tempo de espera naquele cenário seria muito superior a media, "quis-cá", superior ao humanamente tolerável. (10 minutos para a partida)
Dois cubiculos nao teem porta. O que me deixa antever um pouco do futuro e muito mais do que alguma vez pensei ver de um homem chinês.
Sanita "Buraco no chão", posição do "senta te em cima dos teus calcanhares com a perna bem aberta", sem nunca prescindir do cigarro no canto da boca e outros 3 chineses a espera a observarem os mínimos movimentos do "cagao" (8 minutos para a partida)
Chega finalmente a minha vez. Mas apesar de me ter estrategicamente colocado a frente de um cubículo com porta, de pouco serviu. Percebo rapidamente depois de entrar que a porta não tranca, também não fica encostada. (7 minutos devidos a 15 tentativas de encostar a porta... )
Não há duvidas sobre isto, cada um impõe as suas próprias limitacoes e fazia questão de limitar o desconforto das 3 horas de autocarro a minha frente.... O espectáculo seria transmitido em 1/4 (a porta fechava a 3/4)
Em 4 minutos conseguiram passar uns 50 gajos que espreitaram por cima do ombro do gajo que ficou a frente da minha porta, a ver os meus mínimos movimentos na esperança que eu me despachasse.
Ainda me sobraram 2 minutos para comprar um "snack" para a viagem.
Prova ultrapassada!
Lição: Cuidado com o que comem, poderão ter de mostrar o cu a muito homem.
PS: Este post ficara livre de comentários por razoes óbvias, mas não queria deixar de "partilhar" já que parece fazer parte da cultura...
Mais que as mães, nunca mais acabam, resmas de chineses, escolham a expressão que quiserem. Será esta a principal característica dos chineses. São mais do que qualquer outra população no mundo e temos de lhes tirar o chapéu, nem que seja a nível reprodutivo.
A segunda característica dos chineses que gostaria de realçar é a sua natureza observativa; Os chineses estão sempre a olhar e a observar tudo o que se passa a sua volta, especialmente o que as outras pessoas fazem. Seja de perto seja de longe um chinês esta sempre atento. Os chineses são muito curiosos e observadores.
O espaço individual e respeitado ate ao contacto. Isto e: um chinês não tem tendência para o contacto físico, alias costuma evita-lo ao máximo, mas olhar por cima do ombro para ler o jornal e estar a observar o que alguém esta a comer a menos de um metro (género sketch dos gatos sobre a distancia socialmente aceitável). Numero 3.
A Isto juntam uma característica da China, em que a maior parte das coisas se passam em lugares fechados e pequenos. Não só existe sobrepopulação teórica como tambem existe sobrepopulação no dia a dia: campos de basket, (sempre duas equipas para cada cesto) fila para os autocarros, elevadores, restaurantes etc.
Isto parece não levar a lado nenhum mas irão perceber onde quero chegar....
ultimo pormenor, os chineses fumam em qualquer lugar, em qualquer posição.
Juntam estas 4 características e verão que muitas coisas podem acontecer...
Here goes..
Estava eu em HangZhou prestes a apanhar o autocarro de volta para Xangai quando começa a apertar o arroz Chao-chao que afinal não tinha assim tão bom aspecto...
Já saímos do restaurante e já estamos mesmo a chegar a estacao. Faltam 15 minutos para o autocarro. A casa de banho publica será única opção para evitar transformar o pesadelo da viagem que se avizinha dura num inferno incalculável de dores e de desconforto.
la fui eu a aventura...
Num ambiente escuro e de ar pesado tanto de humidade e de fumo, os chineses entram e saiem ao ritmo de formigas trabalhadoras que acabaram de encontrar uma bolacha inteira junto a colónia e que estão tao ocupados a despedaça-la que o se passa por fora não merece nem um levantar de cabeça. Tanto vai e vem, confundem me e tornam nos todos iguais apesar de tentar que não sejam. Apanho uma abertura na coluna "entrante" e la me enfio sempre com o factor tempo presente na mente.
O chão esta preto e coberto com uma camada liquida espessa que um pobre coitado tenta empurrar para o ralo com muito pouco sucesso devido ao constante movimento das pessoas. A rotatividade nos urinóis e digna de um filme de Charlie Chaplin. Num movimento repetitivo ao expoente máximo eles sucedem se silenciosamente com uma precisão quase cronometrada, entrando e saindo de cabeça baixa. De cigarro na boca ou prestes a ser aceso. Passa qualquer coisa que possam ter experimentado num qualquer fim de noite de quinta feira de lux na pista de baixo. E infelizmente, o meu tempo de espera naquele cenário seria muito superior a media, "quis-cá", superior ao humanamente tolerável. (10 minutos para a partida)
Dois cubiculos nao teem porta. O que me deixa antever um pouco do futuro e muito mais do que alguma vez pensei ver de um homem chinês.
Sanita "Buraco no chão", posição do "senta te em cima dos teus calcanhares com a perna bem aberta", sem nunca prescindir do cigarro no canto da boca e outros 3 chineses a espera a observarem os mínimos movimentos do "cagao" (8 minutos para a partida)
Chega finalmente a minha vez. Mas apesar de me ter estrategicamente colocado a frente de um cubículo com porta, de pouco serviu. Percebo rapidamente depois de entrar que a porta não tranca, também não fica encostada. (7 minutos devidos a 15 tentativas de encostar a porta... )
Não há duvidas sobre isto, cada um impõe as suas próprias limitacoes e fazia questão de limitar o desconforto das 3 horas de autocarro a minha frente.... O espectáculo seria transmitido em 1/4 (a porta fechava a 3/4)
Em 4 minutos conseguiram passar uns 50 gajos que espreitaram por cima do ombro do gajo que ficou a frente da minha porta, a ver os meus mínimos movimentos na esperança que eu me despachasse.
Ainda me sobraram 2 minutos para comprar um "snack" para a viagem.
Prova ultrapassada!
Lição: Cuidado com o que comem, poderão ter de mostrar o cu a muito homem.
PS: Este post ficara livre de comentários por razoes óbvias, mas não queria deixar de "partilhar" já que parece fazer parte da cultura...
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