Saturday, February 24, 2007

Be There or Be Square...

Comigo estão:
João Gago, António Guerreiro, João Alves, Rui Bom (C10)
Pedro Lopes (C9 que regressou a Xangai no final do programa)
sua namorada, Helena Sifakis (Franco Grega - espero não me ter enganado no nome...)

São seis da manha, estamos de partida.

Estamos em Jiu Zhai Guo, uma cidade perdida no meio das montanhas na província de Sichuan junto a fronteira com o Tibete.
A China inteira rege-se pela hora de Beijing, razão pela qual tudo está escuro.


Hotel fora atravessamos a praça da vila para chegar à estrada principal.
Ao chegar a rampa que nos leva ate a estrada, passamos pelo posto de segurança. Lá dentro, o segurança fez do seu banco sua cama. Numa cidade em que não se passa nada e nada se passa durante o inverno, um segurança acordado vale tanto quanto um segurança adormecido. Ainda pomos a hipótese de tirar uma fotografia para mais tarde recordar mas ficamos apenas pela ideia e, de sorriso na cara, seguimos ate à paragem.

"A essas horas, não trabalho". disse o nosso motorista.
"Mas vocês não precisam de ir ate a paragem, o autocarro pode parar ali, na estrada principal, a frente do hotel". Continuou.


Esta conversa não me sai da cabeça.
E se por acaso percebemos mal?
E se o Autocarro não parar?
E se chegamos tarde ou eles antecipam-se. O que fazer?
Os voos estão esgotados...
O autocarro das sete é ultimo que nos levará a tempo de chegar a casa e também está esgotado.

A ideia esta no ar mas ninguém quer pensar nisso pois qualquer uma destas hipótese "would put us in deep deep shit"

Todos pousam as mochilas no chão e esfregam as mãos. Está frio. Cada vez mais frio.
Do quente da cama, para a escuridão fria da noite, esfregamos as mãos para tentar não arrefecer.
Poderia ser pior, pensamos.
Se estivesse a chover seria pior, bem pior.
Guardo a mochila as costas. Se calhar por habito, quem sabe se será preciso correr (não seria a primeira vez), ou apenas para guardar as "costas quentes". Sinto me melhor de mochila às costas. Não me perguntem porquê.

Aparece uma Luz...
A medida que se aproxima, começa a tomar formas reconheci veis. É demasiado pequeno para ser um autocarro. Não passa de um taxi. Afinal sempre há taxis a esta hora, nos é que andávamos com os taxis errados.
Ele desacelera a espera de um qualquer sinal de interesse da nossa parte.
Voltamos nos uns para os outros e continuamos a esfregar as mãos.
O taxi acelera e rapidamente desaparece no meio da escuridão de onde nasceu.
Não há casaco ou fibra que resiste a este frio que necessita apenas de tempo para chegar ate o nosso calor mais intimo.
Esfregamos as mãos e começamos a mexer os pés.


Ligo a câmara de Filmar. Este infra vermelhos sempre vão servir para qualquer coisa. Tudo se torna mais claro. Estamos todos verdes.
Já está na hora. Será que não nos enganamos? Será que já passou?

O Pedro Tira o telemovel do bolso e quebra o silencio com um grande Sultans of Swing. Uma musica apenas chegou para nos animar. Já acredito que o autocarro vai parar.

Vêm ai uns faróis. É desta. Corro para o meio da estrada com o Gago, não vá ele não parar por não nos ver.
Pisca está ligado, estamos safos...
Com tanta ansiedade, saiu-me da cabeça onde é que nos íamos enfiar.O regresso de um agradável voo de 45 min por cima de cordilheiras e vistas fenomenais seria um aterrador percurso de 11 horas por entre vales e montanhas.

Chengdu, aqui vamos nós...

2 comments:

Anonymous said...

Olá Luís
Graças a ti fui também "passear" por Sechuan,aterrei em Chongqing para ficar mais perto das montanhas e poder ir a Omer Shan e aos mosteiros e pagodes e ver a Montanha da qual reencarnei Mynya Konka!Eles nunca conseguiram dizer o meu nome direito!À volta vim por Chengdu e Leshan, tirando as zonas do rio são cidades feias e cinzentas,não achaste?
Fora de brincadeiras, podiam mandar as fotos para o Google Earth com os vossos nomes e assim também viamos e seguiamos com vocês algumas dessas maravilhas! Now don´t be selfish and share a little with us,poor fellows! Adorei diálogo pelo messenger, temos de repetir. O pior é o horário, só pode ser à hora da volta da farra e arrisca-se a ser ininteligível!Já que em Sechuan só encontraste coiros de perna torta,terás de correr mais China à procura da tua Lai Ling! Mil bjs Tia Concha
P.S. Trouxeste o peluche??

El-Gee said...

Meu Deus, que saudades de acordar numa madrugada estrelada e ir esperar autocarros que nao chegavam para o meio de uma rua chinesa!! Que giro, revi exactamente uma ou duas mini-aventuras no Tibete atraves deste texto.

Este blog é mt valioso.